Para primeiro post no "Arte às tantas" pensei em muita coisa, muitos poderiam ser os objectos de fascínio para abordar. Ultimamente tenho pensado na casualidade da arte.
De quando em vez, fazemos arte casualmente, não por acaso. Uma criação pode ser instintiva, casual, cheia de sentido e definitiva, tudo isto ao mesmo tempo. Enquanto ia tecendo teias de possibilidades sobre esta realidade encontrei uma entrevista com Thom Yorke, compositor, letrista e vocalista dos Radiohead, em que abordava uma das minhas obras de arte preferidas: a música "Nude" (do álbum "In Rainbows"). Dizia ele que era uma música com mais de dez anos que havia sido preterida na escolha de alinhamento de "OK Computer", no entanto sentira que chegara a hora de convencer a banda a respescá-la pois a letra já fazia sentido, embora não tenha alterado uma palavra.
Note-se que Thom Yorke desde há uns anos usa uma, perdoem-me a expressão, poética paisagista que ganhou a minha admiração pela sua fragilidade. A sua voz é tão frágil quanto a sua escrita, ou as duas são a mesma fragilidade. Thom não é um "bom cantor", nem um brilhante letrista, procurando palavras casualmente e colando-as com instintos. Mas é um verdadeiro artista e um arrepiante intérprete de si mesmo.
*vídeo de Nude (excerto do vídeo Sotch Mist)
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